quinta-feira, 7 de março de 2013

O Processo de Estudo das Cores

Segundo Graça Proença (p. 12), o ser humano teve o primeiro contato com a cor desde os primórdios da sua existência na Terra, ainda na pré-história. Nestas primeiras criações, o homem tinha que apropriar-se do conhecimento e técnica de colorir através dos pigmentos encontrados ao seu redor: óxidos minerais, ossos carbonizados, carvão, vegetais, sangue de animais. Alguns destes pigmentos necessitavam de dissolução em gorduras animais, outros necessitavam apenas dos dedos ou de penas e pelos de animais, utilizados como pincéis. Porém, neste momento da história humana, a cor não era pesquisada sobre o seu caráter físico, químico, fisiológico ou psicológico. Era apenas empregada a partir dos elementos disponíveis, a fim de que pudessem ornamentar suas cavernas e seus corpos.



Anos mais tarde, Aristóteles passou a estudar a cor. Porém, seu estudo era limitado às propriedades do objeto. Em DE SENSU ET SENSIBILI, resume parte de suas ideias sobre a Teoria da Cor, comparando a cor com o som.

Segundo ele, assim como são sete as notas musicais que formam a harmonia dos sons, são sete também as cores principais, que darão origem a todas as outras. É importante ressaltar que Aristóteles acreditava que as cores eram uma propriedade dos objetos, da mesma forma que o peso, a textura, a forma.

Entre os gregos, na Antiguidade, alguns tentaram compreender e explicar a cor. Alguns a entendiam como uma projeção, como algo que se desprende do olho humano, atingindo e colorindo o objeto observado. Platão, Plotino e Empédocles defendiam esta ideia. Demócrates acreditava no inverso: - o objeto emite radiações em direção ao olho.

Leonardo da Vinci, também, fez seus estudos sobre a cor. O que se convencionou chamar de Teoria das Cores, de Leonardo da Vinci, são as formulações teóricas esparsas contidas em seus escritos, reunidas, postumamente, no livro Tratado da Pintura e da Paisagem – Sombra e Luz. Embora as preocupações de Da Vinci com a cor já estivessem relacionadas a elementos da óptica, da física, da química e da fisiologia, os escritos se dirigiam fundamentalmente aos pintores, os maiores interessados pelo assunto na época. A influência de seus escritos já era perceptível em vida. Copiados em parte, circulavam pelos ateliês italianos alguns dos seus conceitos relativos à pintura. Transformados em livro, viriam a ser mais tarde o manual da pintura acadêmica.

.Segundo PEDROSA (1989), as preocupações de filósofos, historiadores, pintores, sábios árabes e artistas medievais não chegaram a configurar teorias sobre as cores. O pioneiro a formular uma teoria, segundo ele, teria sido Leonardo da Vinci. Uma das principais considerações desse artista, cientista e arquiteto foi: “Todos os corpos se revestem de luzes e de sombras. As luzes são de duas naturezas: original e derivada. Original é a produzida pela chama do fogo, ou pela luz do Sol ou do ar; derivada é a luz refletida”.

Com esta frase, Leonardo deu início a uma série de experimentos e estudos, que perduraram até a época de Isaac Newton. Leonardo também tinha muita admiração pelos gregos, porém, não compartilhava da mesma tese de Aristóteles, de que a cor seja uma propriedade dos objetos.

Ao descobrir o cristalino, formulou a hipótese de desinversão da imagem. Mais tarde, cientistas definiram como a reinversão da imagem, o fenômeno que ocorre no cérebro, e não no cristalino, como acreditava Leonardo. (BURNIE, 2000).

Leonardo da Vinci também formulou perspectiva aérea, ao constatar que as cores de objetos distanciados ficava mais azuladas e pálidas. Segundo ele, a quantidade de ar que se interpõe entre o expectador e a imagem, torna o objeto, além de diminuto em tamanho, menos visível e com menos contornos. Criou, assim, a técnica do esfumato. (PEDROSA, 2004). As técnicas desenvolvidas pelo mestre, para realizar suas pinturas também contribuíram para formulações e especulações sobre a cor. É possível verificar suas teorias formuladas sobre a cor em suas obras.

A obra mais famosa de Leonardo da Vinci demonstra claramente os estudos realizados a respeito da cor: no fundo, a perspectiva aérea, na qual a “cor do ar” altera a cor do objeto observado – quanto mais longe o objeto, mais esfumaçado, mais claro e mais azulado.

Observe:



Em contrapartida, Isaac Newton (1643-1727), voltado quase que exclusivamente para a física, formulou a Teoria Corpuscular, na qual a luz seria constituída por corpúsculos que emanam do objeto, e atingem o olho, permitindo, desta forma, a observação dos objetos. Com esta teoria, Newton explicou muitos dos fenômenos luminosos de reflexão e refração. Foi ele o primeiro pesquisador a formular uma hipótese para explicar o fenômeno luminoso (BONJORNO, 2000).

Em contrapartida, Isaac Newton (1643-1727), voltado quase que exclusivamente para a física, formulou a Teoria Corpuscular, na qual a luz seria constituída por corpúsculos que emanam do objeto, e atingem o olho, permitindo, desta forma, a observação dos objetos. Com esta teoria, Newton explicou muitos dos fenômenos luminosos de reflexão e refração. Foi ele o primeiro pesquisador a formular uma hipótese para explicar o fenômeno luminoso (BONJORNO, 2000).


Uma das observações mais conhecidas de Isaac Newton foi sua experiência com os prismas. Através de um orifício redondo em sua cortina preta, permitiu a passagem da luz solar. Percebeu que a luz projetada na tela tinha o aspecto de uma imagem alongada do sol, com a extremidade superior azul, e a inferior, vermelha. Ao interferir o feixe luminoso com uma fenda estreita, descobriu o espectro luminoso que hoje se conhece (BURNIE, 2000).

O cientista realiza de forma sistemática o estudo dos fenômenos luminosos, com base na luz solar. Os resultados de seus estudos permitiram publicar o livro: “Óptica ou um Tratado sobre a Reflexão, a Refração e as Cores da Luz”. Desta forma, retira a conotação subjetiva que se desferia às cores, e insere-a no âmbito das verificações matemáticas (PEDROSA, 2004).

Goethe (1749 – 1832), um poeta fascinado pelo estudo das cores, leu todas as obras do cientista Isaac Newton que se referiam à cor e foi o primeiro a confrontar as ideias do gênio. Newton percebia e estudava as cores apenas como um fenômeno físico. O poeta, por sua vez, acreditou que na mente, a percepção das cores pode ser moldada por mecanismos de visão e pela maneira como as informações são processadas no cérebro humano (ARAUJO, 2005).

Assim, Goethe definiu a cor como sendo um efeito causado pela luz, mas não a própria luz. Definiu três tipos de cor: a física, a fisiológica e a química (BARROS, 2006). Procurando o significado e a essência da cor, sua principal obra sobre o assunto foi denominada “Doutrina das Cores”, desfiou alguns conceitos não abordados e desafiou outros formulados pelo grande e incontestável cientista da época: Isaac Newton. Com isto, tornou-se uma figura não aprazível durante muito tempo. Apesar disso, seus estudos abriram campo para uma série de estudos posteriores, realmente deixados de lado pelo cientista. Dentre seus estudos, destaca-se a definição de quais seriam as cores principais, que deveriam compor o círculo cromático (BARROS, 2006).





“Goethe defende que o olhar é sempre crítico. Apenas olhar não seria um estímulo, um estímulo é uma experiência que vai além do simples observar, cria um vínculo teórico e leva o observador a tirar suas próprias conclusões” (ARAUJO, 2005).

O interessante sobre a teoria de Goethe, é que em seu livro “Doutrina das Cores. Esboço de uma Doutrina das Cores”, ele retrata suas considerações de uma forma poética.


As cores são ações e paixões da luz. Nesse sentido, podemos esperar delas alguma indicação sobre a luz. Na verdade, luz e cores se relacionam perfeitamente, embora devamos pensá-las como pertencendo à natureza em seu todo: é ela inteira que assim quer se revelar ao sentido da visão.1 (Goethe.Tradução de Marco Giannotti)
Maxwell (1831 – 1879) foi o primeiro a desenvolver a teoria tricromática, que utiliza três cores primárias.

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